Carta ao amor futuro nº 32 - Pergúvidas
De: mim
Para: quem?
I
Quem –
que tipo de pessoa,
em sã consciência –
gostaria
de se afogar num mar?
de ter um cobertor
que não fosse feito de pano?
de se tornar prisioneira
do que deseja seu próprio abraço?
Quem
nos conquistaria um para o outro?
Quem
quer ter versos sem melodia
por cantiga de ninar?
Quem
quer dormir o sono
e o sonho de outrem?
Quem desejaria contigo sonhar
acordado,
por ti ser sonhado?
E se for de carícias?
E se for de beijos?
E se fosse nos meus braços?
Quem?
E se vierem da minha voz?
Por que não tu e eu –
tu comigo
e eu contigo?
Alguém que te escrevesse versos?
II
Quem quer contigo sonhar
acordado
e, dormindo,
acordar
e continuar
sonhando
sem saber
se é sonho
ou verdade
ou se é um pensonhamento
que se está vivendo?
[Poderia ser que tu já soubesses?]
Não passariam de ilusão
os alvos
destas palavras?
É certo, pois, que parecem não passar
o tempo
nem esse desejo
de continuar me iludindo,
sonhando
que tudo que pensonho ainda
será vivido
num tempo tão logo
quanto eu não consigo tatear.
A esperar, estou
necessitando tanto aprender.
III
Quem tem
resposta para todas as perguntas?
[pseudo… poesia, poema]