Publicado por mim originalmente no Mural na Net.
Andava pela net procurando um texto não enfadonho e não muito técnico que explicasse a atual crise econômica mundial pra postar aqui no Mural. Aí achei algumas coisas - coisas veiculadas na net ainda por volta do fim de setembro último.
Por serem notícias de setembro, nem sei se ainda são atuais. Não sei se a crise atual é tão atual assim. Sei que semanas atrás comecei a ouvir que tava rolando um problema lá nos Êua (EUA, pra quem não entendeu de prima) com hipotecas (seja lá o que isso venha a ser), e lembro-me que depois comecei a ouvir falar que uns bancos estadunidenses (bancos dos EUA) tavam pra quebrar. As duas coisas tão relacionadas? Me perdoe a pergunta. É que não sou acompanhante assíduo de jornais.
Bem, mas o seguinte é esse: achei uma
matéria interessante lá no
Freakonomics estruturada no esquema "pergunta e resposta". Apesar do Freakonomics em geral conseguir debulhar pra nós coisas complexas, ainda achei o texto meio compréquissu. Contudo, porém, todavia, no entanto, achei
um post no blog Molotov com um texto bem legal que vai direto ao ponto; parece até uma parábola. O Mural o reproduz abaixo com uma pequenina alteração numa palavra.
Entendendo a crise econômica desde a ótica do bar do seu Biu
O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça "na caderneta" aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobre preço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o pindura dos pinguços como garantia.
Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu).
Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêubo da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia se deu mal.
[economia mundial]